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em Vulcanologia e Avaliação de Riscos
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Falha exposta nas arribas a W da Povoação

Estudos de neotectónica na ilha de S. Miguel, uma contribuição para o estudo do risco sísmico no arquipélago dos Açores

Resumo


O arquipélago dos Açores localiza-se na junção tripla entre as placas litosféricas Eurasiática, Americana e Africana, cujas fronteiras são a Crista Média Atlântica e a Zona de Falha Açores-Gibraltar. O grupo Ocidental foi edificado sobre a Placa Americana, enquanto que as ilhas dos grupos Central e Oriental se localizam numa larga zona de cisalhamento que corresponde ao sector ocidental da fronteira de placas entre a Eurásia e a África. Devido ao contexto geotectónico em que se inserem, as ilhas dos Açores são palco de actividade sísmica significativa. Desde o seu povoamento, no século XV, existem testemunhos de importantes crises sísmicas, com abalos de terra, em geral, de magnitude intermédia a baixa. Menos frequentemente ocorrem, também, terramotos com magnitude elevada, de que é exemplo o sismo de 1 de Janeiro de 1980 que ultrapassou a magnitude 7. Na sequência deste evento, foram efectuados os primeiros trabalhos de neotectónica e de geofísica dos Açores cujos resultados contribuíram para a proposta de modelos tectónicos para a região.
 
Um dos modelos mais recentes é o de Madeira (1998), baseado em dados de neotectónica efectuados nas ilhas do Faial, Pico e S. Jorge. Este autor verificou que a tectónica nestas ilhas é dominada por acidentes de direcção WNW-ESE (inclinações para NNE e SSW) com movimentação oblíqua direita normal, tendo como falhas conjugadas estruturas de direcção NNW-SSE (inclinações para WSW e ENE) com movimentação esquerda normal. A existência de quatro famílias de falhas conjugadas é uma situação característica de deformação tridimensional (Reches, 1983). Propõe, assim, para este sector da fronteira Eurásia-África uma estrutura designada por Centro de Expansão Oblíqua dos Açores, que consiste numa faixa litosférica larga na qual a deformação em transtensão é acomodada por um conjunto muito numeroso de falhas activas. O campo de tensões em torno do Rift Médio Atlântico é perturbado na área cisalhada do Centro de Expansão Oblíqua dos Açores, ocorrendo uma permutação entre  1 (tensão compressiva máxima) e  2 (tensão intermédia) e um desvio das trajectórias das tensões principais:  1 passa a ser horizontal e aproxima-se da direcção das falhas principais direitas (aproximadamente NW-SE na região do grupo central, rodando para N-S na área de Santa Maria),  2 torna-se vertical e  3 roda de NE-SW para E-W no extremo oriental da faixa cisalhada. Em resposta a este campo de tensões desenvolve-se uma família de falhas conjugadas esquerdas.
 
Carmo (2004), ao desenvolver estudos de geologia estrutural na região Povoação-Nordeste, em S. Miguel, verificou a existência de estruturas tectónicas com direcções e movimentações compatíveis com o campo de tensões transtensivo definido para a Plataforma dos Açores (compressão horizontal máxima -  1 - NW-SE; tracção máxima -  3 - horizontal NE-SW; e tensão intermédia -  2 - vertical e igualmente compressiva). Contudo, para além das estruturas referidas, também existem falhas de direcção WNW-ESE esquerdas normais conjugadas com falhas NE-SW direitas normais (constituídas por dois conjuntos de estruturas que inclinam em sentidos opostos), concordante com uma compressão máxima ( 1) horizontal orientada segundo E-W, tracção máxima ( 3) horizontal na direcção N-S e eixo vertical ( 2) igualmente compressivo, ocorrendo também permutações entre  1 e  2. Ambas as situações são características de deformação tridimensional. Contudo indicam a ocorrência de dois campos de tensões distintos, separados no tempo ou no espaço.
 
Este campo de tensões "anómalo" pode ser antigo, possivelmente, correlativo de um curto episódio de inversão no sentido de cisalhamento na fronteira Eurásia-África; essa inversão poderá ter resultado de uma fase durante a qual a taxa de expansão da Crista Média terá sido mais elevada a sul que a norte da junção tripla. Nesta circunstância as falhas WNW-ESE a NW-SE direitas normais terão passado a jogar como esquerdas normais, gerando-se falhas NE-SW direitas normais como conjugadas. Outra hipótese (A. Ribeiro, com. oral) seria considerá-lo como actual e relacionado com a entrada da região E de S. Miguel numa zona sujeita a um regime compressivo E-W, relacionado com o afastamento progressivo da ilha relativamente ao rift.
 
Este projecto tem como objectivos a cartografia de falhas activas da ilha de S. Miguel visando a definição da sua cinemática através de estudos de paleossismologia em estruturas especificamente seleccionadas, a caracterização de eventos sísmicos ante-povoamento da ilha e a determinação da orientação do(s) campo(s) de tensão(ões) dominante(s) na região onde se insere a ilha de S. Miguel e do seu significado no contexto da tectónica regional. Os dados recolhidos permitirão estabelecer o grau de actividade sísmica dos acidentes tectónicos observados, elementos essenciais para a avaliação dos intervalos de recorrência entre eventos sísmicos com rotura superficial e da magnitude do sismo máximo. Pretende-se com este estudo contribuir para o conhecimento e compreensão da geodinâmica da junção tripla dos Açores e para a avaliação do risco sísmico nos Açores.

Ficha de Projeto


Bolsa Doutoramento DRCT
Estudos de neotectónica na ilha de S. Miguel, uma contribuição para o estudo do risco sísmico no arquipélago dos Açores
Bolseiro: Rita Carmo
Entidade financiadora: FRCT
Contrato nº: M3.1.2/F/016/2007
Progama: Plano Integrado para a Ciência e Tecnologia (PICT)
Sub-programa: Medida 3.1.2/FRCT - Bolsas individuais de investigação científica e tecnológica
Duração: 2007 - 2011
Data de Início

 
Data de Encerramento

 

Anexos


Unidades Científicas


Unidades Científicas Operacionais