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Instituto de Investigação
em Vulcanologia e Avaliação de Riscos

Bolsas de Doutoramento

Vulcão da Caldeira (ilha do Faial)

Processos de transporte e deposição de produtos piroclásticos de fluxo nos Açores: Implicações para a avaliação dos perigos vulcânicos associados

Resumo


Os produtos piroclásticos de fluxo (mistura heterogénea de gases, cinzas e rochas, geralmente de alta temperatura, que se desloca a grande velocidade pelos flancos dos vulcões) são um dos fenómenos vulcânicos mais violentos e destruidores, responsáveis por um elevado número de mortes, mais de 59.000 vítimas em tudo mundo, entre 1783 e 1997 (Tanguy et al., 1998). Entre os exemplos mais marcantes deste tipo de actividade vulcânica, destacam-se a erupção do Vesúvio do ano 79 d.C., onde as cidades de Pompeia e Herculano foram totalmente destruídas e, mais recentemente, a erupção de 1902 do Monte Pelée, que devastou a cidade de Saint Pierre, vitimando cerca de 28.000 pessoas (Bourdier et al., 1989).

 

Sendo o arquipélago dos Açores constituído por ilhas de origem vulcânica, na sua maioria com vulcões activos, trata-se de uma região naturalmente vulnerável aos perigos que estes representam. Ao longo dos seus cinco séculos e meio de história, a região dos Açores tem sido afectada por diversos episódios de actividade vulcânica, tendo ocorrido pelo menos 27 erupções (Weston, 1964, com dados de Queiroz et al., 1995, Queiroz, 1997 e Gaspar et al., 2003), entre eventos submarinos e subaéreos, de natureza efusiva e/ou explosiva, por vezes com consequências devastadoras.

 

No arquipélago dos Açores, os depósitos dos produtos piroclásticos de fluxo ocorrem em pelo menos quatro das nove ilhas, nomeadamente em São Miguel, Terceira, Faial e Graciosa.

 

No caso particular da ilha Terceira reconhecem-se pelo menos sete horizontes vulcano-estratigráficos com extensos ignimbritos, nos últimos 100.000 anos (Gertisser et al., 2010), tornando-a na ilha açoreana com o maior volume de depósitos de produtos piroclásticos de fluxo. O último episódio vulcânico relacionado com a erupção de produtos piroclásticos de fluxo teve origem na zona central da ilha, provavelmente no Vulcão do Pico, entre 20.000 e 23.000 B.P. (Self, 1974), dando origem ao depósito do Ignimbrito de Lajes-Angra (LAI), que cobriu cerca de dois terços da superfície actual da ilha.

 

Na ilha do Faial, a última fase de abertura do Vulcão da Caldeira, que ocorreu há apenas 1.000 anos B.P. (Pacheco, 2001), produziu os mais importantes produtos piroclásticos de fluxo da sua história eruptiva. O depósito (C11) resultante desta erupção, a maior dos últimos 16.000 anos na ilha do Faial, cobriu uma importante porção desta ilha.

 

Deste modo, torna-se essencial proceder à avaliação dos riscos relacionados com a erupção de produtos piroclásticos de fluxo nestas ilhas, de modo a que no futuro se possam desenvolver medidas que permitam a sua mitigação. Contudo, para a correcta avaliação dos perigos vulcânicos envolvidos é fundamental obter uma boa compreensão dos processos de transporte e deposição associados a tais produtos vulcânicos, o que deverá ser atingido através da integração do estudo dos depósitos de erupções passadas e da modelação experimental e/ou numérica destes fenómenos vulcânicos.

 

Com este projecto pretende-se abordar o estudo dos produtos piroclásticos de fluxo no arquipélago dos Açores, tendo como objectivos gerais: (a) contribuir para a melhoria da compreensão dos processos eruptivos associados à génese e instalação dos produtos piroclásticos de fluxo; e (b) contribuir para uma melhor avaliação dos perigos vulcânicos e, consequentemente, para o planeamento de emergência e ordenamento do território no arquipélago dos Açores. Neste contexto, o projecto apresenta como objectivos específicos: (a) descrever e caracterizar as várias litofacies de produtos piroclásticos de fluxo de diferentes vulcões dos Açores; (b) constringir os processos de génese, transporte e deposição envolvidos na erupção dos produtos piroclásticos de fluxo; (c) desenvolver metodologias para a avaliação dos perigos vulcânicos associados; e (d) produzir cartas de perigo/risco vulcânico para os casos de estudo.

 

No decurso deste trabalho procurar-se-á dar resposta às seguintes questões: (a) Quais os processos de génese, transporte e deposição envolvidos durante a erupção de diferentes produtos piroclásticos de fluxo?; (b) Qual o efeito da topografia das áreas de estudo no desenvolvimento dos produtos piroclásticos de fluxo? (c) Quais os principais agregados populacionais afectados por produtos piroclásticos de fluxo, em caso de uma erupção explosiva nas áreas de estudo? e (d) Quais as condições favoráveis para que determinadas zonas sejam afectadas?


Ficha de Projeto


Bolsa de Doutoramento FRCT

Processos de transporte e deposição de produtos piroclásticos de fluxo nos Açores: Implicações para a avaliação dos perigos vulcânicos associados
Bolseiro: Adriano Pimentel
Entidade financiadora: FRCT
Contrato nº: M3.1.2/F/022/2007
Programa: Plano Integrado para a Ciência e Tecnologia (PICT)
Sub-programa: Medida 3.1.2 Bolsas individuais de investigação científica e tecnológica (doutoramento) do Programa de Apoio à Formação Avançada (FORMAC)
Duração: 2007 - 2011

Data de Início

 
Data de Encerramento

 

Anexos


Unidades Científicas


Unidades Científicas Operacionais