A densidade de cianobactérias na Lagoa das Furnas que, em 1988/89, tinha um valor máximo de 4,31x106 cél.L-1, registou a partir de 2000 aumentos consideráveis, tendo atingido com frequência dimensões de “bloom”. No presente trabalho são apresentados os resultados da ocorrência de cianobactérias na Lagoa das Furnas e da variabilidade temporal e em profundidade das microcistinas por elas produzidas, entre 2003 e 2006.
Os resultados obtidos mostraram que a existência de “bloom” de cianobactérias se tornou uma constante a partir de Maio de 2004, com densidades celulares que oscilaram entre 39,8x106cél.L-1 e 3310,6x106cél.L-1. Os maiores “blooms” ocorreram no Verão daquele ano e no Inverno de 2006, o primeiro com predominância de Woronichinia naegeliana associada a Microcystis aeruginosa e o segundo com maior densidade desta última.
A ocorrência de microcistinas em solução foi menos frequente que a de microcistinas intracelulares cuja detecção foi uma constante nos últimos anos e em concentrações por vezes significativas. Não se observou um padrão consistente de variabilidade sazonal e em profundidade. As concentrações médias mais elevadas de microcistinas totais (7-8 µg MC-LRequiv.L-1) não foram coincidentes com as maiores densidades celulares de cianobactérias. A mais elevada produção de microcistinas intracelulares (870 μg MC-LRequiv.g-1biomassa seca) foi detectada durante uma ocorrência de Woronichinia naegeliana em densidade que não chegava a atingir proporções de “bloom”. Outros valores igualmente elevados (834 μgMC-LRequiv.g-1biomassa seca e 766 μg MC-LRequiv.g-1biomassa seca, respectivamente) ocorreram durante situações de “bloom” em que estavam presentes simultaneamente as cianobactérias Woronichinia naegeliana e Microcystis aeruginosa, em dominância alternada.