Um dos principais desafios associados à implementação da Directiva-Quadro da Água, emanada pela União Europeia, corresponde à monitorização do estado das águas subterrâneas, quer relativamente aos aspectos quantitativos, quer qualitativos. Esta necessidade é também salientada no Plano Regional da Água dos Açores e a monitorização do estado químico iniciou-se em 2003, tendo sido progressivamente alargada a todas as ilhas, com uma rede que actualmente engloba 72 nascentes e 32 furos de capatação. Na ilha Terceira a rede de monitorização do estado químico engloba a realização de amostragens periódicas em 11 nascentes e 7 furos. A totalidade das águas amostradas são frias, de pH próximo da neutralidade e os valores de dureza total variam entre os 9,55 e os 42,8 mg CaCO3/L nas nascentes (águas brandas). Relativamente aos furos, a água da captação JHF3 é branda (36 mg CaCO3/L), a JHF6 ligeiramente dura (74 mg CaCO3/L), sendo as restantes duras (104,2 e os 189,3 mg CaCO3/L). As fáceis predominantes são as cloretada sódica e bicarbonatada sódica e verifica-se uma dissemelhança composicional entre as águas das nascentes e dos furos. Esta diferença resulta essencialmente do maior grau de mineralização verificado, de uma forma geral, na água destes últimos. Os valores de condutividade eléctrica variam entre 71 e 265 µS/cm nas nacentes e apenas o furo JHF3 apresenta resultados entre os 190 e os 200 µS/cm, porquanto nas águas amostradas nos restantes furos apresentam registos entre 589 µS/cm e 1111 µS/cm. A salinização da água subterrânea, em particular nos furos de captação, constitui o principal mecanismo responsável pela atribuíção da designação "em risco" às massas de água subterrânea na ilha Terceira, com as consequências daí advenientes para a gestão da água na ilha Terceira.