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Instituto de Investigação
em Vulcanologia e Avaliação de Riscos

Açores ► Fenómenos Naturais

Doutora Teresa Ferreira, Universidade dos Açores
16-04-2007 15:45
Ponta Delgada
Breve nota sobre o sismo de 5 de Abril de 2007

Desde o passado dia 5 de Abril que a região dos Açores tem estado a ser afectada por uma intensa actividade sísmica centrada na área dos ilhéus das Formigas. Sob o ponto de vista geodinâmico, o sector instável situa-se próximo da zona onde o designado Rift da Terceira, uma estrutura de direcção geral NW-SE que atravessa os grupos central e oriental do arquipélago, contacta com a zona de fractura que se estende dos Açores até Gibraltar.
 
 
A actividade sísmica desencadeou-se subitamente às 03:56h do dia 5 de Abril com a ocorrência do sismo principal, o qual teve uma magnitude próxima de 6 na escala de Richter e atingiu as ilhas de S. Miguel, Santa Maria e Terceira com intensidades máximas V/VI, V e IV (Escala de Mercalli Modificada), respectivamente. O evento não provocou vítimas nem danos materiais significativos, excepção para a queda de alguns muros de pedra e raras fendas em habitações já fragilizadas. Tratou-se de um dos sismos mais violentos registados no arquipélago desde o terramoto de 1 de Janeiro de 1980 e apenas o facto de ter ocorrido a uma distância significativa das ilhas de S. Miguel e Santa Maria evitou consequências drásticas.
 
 
A este sismo têm-se sucedido inúmeras réplicas, algumas das quais com magnitudes superiores a 5, bem sentidas nas ilhas de S. Miguel e de Santa Maria, e ocasionalmente na ilha Terceira. Tratando-se de uma crise de natureza tectónica, o padrão de actividade sísmica a que presentemente se assiste é o normal nestas situações e pode prolongar-se durante vários dias, semanas ou meses, à semelhança do ocorrido noutros episódios registados na Região. Assiste-se a um decréscimo relativamente lento da sismicidade quer em termos do número de sismos registados, quer em magnitude, mas por vezes tal tendência é interrompida por pequenos períodos de maior libertação de energia. A situação só regressará ao normal quando as diferentes falhas activas existentes na área se adaptarem às novas condições geológicas, uma vez que a rotura provocada pelo sismo principal foi da ordem dos vários quilómetros.
 
 
Regra geral, as crises sísmicas com esta tipologia não incluem réplicas com magnitudes tão elevadas como a do sismo principal, pelo que mantendo-se a distância epicentral às ilhas de Santa Maria e de S. Miguel, as suas consequências não ultrapassarão as já verificadas. No entanto, caso se verificasse uma migração da área epicentral para zonas mais próximas das ilhas, réplicas de menor magnitude poderiam ser sentidas com maior intensidade do que o próprio sismo principal.
 
 
O SIVISA e o SRPCBA continuam a acompanhar a evolução deste fenómeno no sentido de identificar qualquer alteração ao padrão descrito. Na verdade, poderá estar a concluir-se mais um período de grande actividade sísmica nos Açores; mas de que modo o sismo de 5 de Abril influenciará os outros sistemas de fractura existentes na Região? Seja como for, o fim de cada ciclo é o início do ciclo seguinte, pelo que numa zona marcada com as particularidades geológicas que os Açores evidenciam a atitude mais acertada é a de investir na prevenção.


Fontes


Teresa Ferreira, Universidade dos Açores

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