​O estudo de desgaseificação difusa de dióxido de carbono (CO₂) em lagos vulcânicos foi realizado pela primeira vez na ilha do Pico. O estudo foi realizado ao longo de duas campanhas de amostragens (uma no verão e outra no inverno), permitindo estimar pela primeira vez o fluxo de CO₂ emitido a partir da superfície dos principais lagos localizados na ilha mais jovem do arquipélago dos Açores.

 

Sendo lagos de profundidade reduzida, quando comparados com outros lagos dos Açores, não apresentam no período de verão o processo de estratificação de origem térmica que permite acumular grandes quantidades de CO₂ em profundidade, não permitindo assim  a sua ascensão até à superfície.

 

Este estudo foi de extrema importância pois permitiu a identificação da origem deste gás em cada lago através de análises isotópicas de δ¹³C, assim sugerindo-se para todos os lagos uma origem biogénica para o CO₂ libertado a partir destes sistemas lacustres, não se registando assim qualquer contributo de profundidade.

 

A eutrofização em alguns lagos da ilha do Pico, em especial na Lagoa do Caiado, é responsável pelos elevados valores de CO₂ emitidos para a atmosfera quando comparados com os de outras áreas que não apresentam por exemplo massas densas de macrófitas.

 

Desta forma, César Andrade e os restantes investigadores do Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos (IVAR) estimaram uma emissão total a partir destes lagos entre ~ 0,54 e 0,61 toneladas de CO₂ por dia para a atmosfera. Este valor torna-se importante no auxílio em trabalhos futuros de monitorização sismovulcânica na Ilha do Pico, bem como em todo o arquipélago, pois eventuais incrementos nestas taxas de emissão agora conhecidas podem constituir alertas para manifestações/alterações em profundidade.