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em Vulcanologia e Avaliação de Riscos
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Referência Bibliográfica


AGUIAR, S. (2018) - Contribuição para o estudo da estratigrafia dos vulcões Fogo e Furnas (S. Miguel, Açores): implicações para a sua história eruptiva recente. Dissertação de Mestrado em Vulcanologia e Riscos Geológicos, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade dos Açores, 158p.


Resumo


​Os vulcões Fogo e Furnas correspondem a dois dos três vulcões centrais ativos de São Miguel e ocupam a parte central e Este da ilha, respetivamente. Ao longo das suas histórias eruptivas produziram um vasto leque de produtos vulcânicos.

A história eruptiva recente (5000 anos) do Vulcão do Fogo foi marcada por erupções explosivas de estilo Subpliniano, frequentemente com carácter hidromagmático. No entanto, foi o único vulcão que produziu uma erupção Pliniana neste período de tempo, que originou o depósito Fogo A.

No Vulcão das Furnas ocorreram 10 erupções explosivas nos últimos 5000 anos associadas a magmas traquíticos, por vezes com extrusão de domos.

Durante estre trabalho foi possível caracterizar os depósitos produzidos pela erupção explosiva do Fogo de 1563 e Furnas E, produzido pelo Vulcão das Furnas.

A erupção de 1563 foi a última erupção de estilo Subpliniano que ocorreu no interior da caldeira do Vulcão do Fogo e foi seguida (4 dias após) por uma erupção Havaiana no topo de um domo traquítico. A erupção teve um volume de 0,421 km3 e a coluna eruptiva atingiu os 19 km de altura.

O depósito da erupção do Fogo de 1563 foi dividido em dois membros principais, o Membro Inferior e o Membro Superior. O Membro Inferior é, maioritariamente, composto por níveis de cinza fina e apresenta um único nível de lapilli pomítico. O Membro Superior é, predominantemente, composto por níveis de lapilli pomítico, intercalados por leitos de cinza fina, e por níveis de cinza fina onde ocorrem estratificações de lapilli fino.

Estas frequentes alternâncias sugerem importantes mudanças no tipo de atividade e fragmentação durante a erupção, o que conferiu instabilidade à coluna eruptiva.

O depósito Furnas E resultou de uma erupção de estilo Subpliniano que ocorreu no interior do complexo de caldeiras do Vulcão das Furnas.

Durante o presente trabalho foi possível datar, pela primeira, vez o depósito e atribuir uma idade de 1520±30 anos B.P.. A erupção teve um volume de 0,24 km3 (Booth et al., 1978) e coluna eruptiva estimada de 19-20 km, através dos dados de Booth et al. (1978). O depósito é, maioritariamente, constituído por níveis de cinza fina e apresenta um único nível de lapilli pomítico bem calibrado.

As características destes dois depósitos permitem evidenciar importantes alternâncias no estilo de atividade durante as erupções, à semelhança do que acontece com as restantes erupções dos vulcões centrais da ilha, o que sugere que os processos eruptivos são recorrentes nestes vulcões, associados a importantes sistemas hidrológicos.

O trabalho realizado permitiu a determinação dos parâmetros eruptivos da erupção do Fogo de 1563. Com base nos dados obtidos efetuaram-se simulações da dispersão e deposição de tefra para o depósito total e para um leito individual (L2), que representa o maior pulso da erupção. Apesar das simulações efetuadas com base nos parâmetros da unidade L2 serem mais realistas, dado que se trata de um leito bem caracterizado, é através das simulações realizadas para a totalidade do depósito que se consegue obter a área máxima suscetível de ser afetada por uma erupção semelhante à de 1563 do Vulcão do Fogo. Os dois casos são semelhantes, evidenciando a dispersão tendencial dos depósitos para a parte Este da ilha.

Os mapas obtidos no decurso deste trabalho constituem uma abordagem à avaliação dos perigos vulcânicos, contribuindo para uma melhor preparação de respostas a catástrofes.

Observações


Anexos