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em Vulcanologia e Avaliação de Riscos
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Teses ► Mestrado

 

Referência Bibliográfica


GÓNGORA, E. (2005) - Contribuição para o estudo da geometria da fonte sísmica nos Açores - aplicação à crise do Faial de 1998. Dissertação​ de Mestrado em Vulcanologia e Riscos Geológicos, Universidade dos Açores, 110p.

Resumo


O arquipélago dos Açores apresenta uma sismicidade elevada devido ao seu enquadramento geodinâmico, localizando-se na junção tripla das placas litosféricas Africana, Norte Americana e Eurasiática.

 

No dia 9 de Julho de 1998 às 05:19 (U.T.C.) ocorreu um terramoto destruidor com epicentro no mar a cerca de uma dezena de quilómetros a nordeste da cidade de Horta (Faial, Açores), com uma Magnitude Local (ML) de 5,9 e uma intensidade máxima de VIII (MM-56). Este evento foi seguido por inúmeras réplicas até Setembro de 2004, tendo sido registadas, pelo Sistema de Vigilância Sismológica dos Açores (SIVISA), mais de 15.800 réplicas (cerca de 12.000, só no primeiro ano). Os parâmetros de Gutenberg-Richter (a = 4,92 e b = 0,84) indicam que estes eventos estão relacionados com actividade tectónica. A energia sísmica total libertada foi da ordem dos 7 x 1019 ergs.

 

O objectivo principal do presente trabalho é a caracterização geométrica da zona onde se localizou a crise de 1998, através do estudo sísmico da mesma, aplicando a técnica da Estatística Multivariante designada por Análise das Componentes Principais (ACP). Esta técnica permite obter informação duma grande quantidade de dados com múltiplas variáveis, reduzindo-a para um conjunto muito menor, mas igualmente representativo das suas características (Jolliffe, 1986). A aplicação deste método começa pela formação de séries de subgrupos de hipocentros, passando posteriormente à procura de elipsóides e à selecção dos mais aplanados (Posadas, 1991), que Michelini e Bolt (1986) designaram como Elipsóide Local de Ruptura (ELR). A partir destes podem obter-se as direcções principais que estão relacionadas com as fracturas geradoras dos sismos.

 

Foi seleccionada uma sub-base de dados para a reinterpretação e análise, tendo sido relocalizados 2833 eventos (desde o dia 9 de Julho de 1998 ao dia 30 de Setembro de 2002) utilizando dois modelos de velocidades (1D) diferentes: um regional (MAC) e outro local (FAI). Pode concluir-se que as diferenças entre estes modelos são pouco significativas, todavia os resultados com o modelo FAI são ligeiramente melhores, por apresentarem uma dispersão da distribuição de hipocentros e RMS menores.

 

Depois de aplicar o método ACP espacial (ACPE), pôde concluir-se, grosso modo, que nos primeiros três meses da crise, a orientação geral do plano principal de falha principal foi WNW-ESE (N80-60W), com inclinações de 60º a 90º para NE (coincidindo nos dois modelos). Nos eventos que se seguiram, a direcção mais significativa foi NE-SW (N30-50E), com inclinação para SE (50º a 80º).

 

Todas as orientações obtidas, tanto principais como secundárias, são controladas pelos vários acidentes tectónicos que afectam o arquipélago dos Açores. Deste modo, a orientação geral WNW-ESE a NW-SE dos planos de falha principais e secundários, está associada a acidentes tectónicos coincidentes com o troço ocidental da fronteira entre as placas Eurasiática e Africana (Madeira, 1998), com o alinhamento das ilhas e com o designado Rifte da Terceira (Machado, 1959). Esta orientação é concordante com as fracturas observadas à superfície e com os resultados de trabalhos publicados por outros autores.

 

De acordo com outros autores (Madeira, 1998; Nunes, 1999; Borges, 2003) a Crista Média Atlântica coincide com a direcção NE-SW, encontrada nos planos de falha da maior parte da série sísmica estudada.

Observações


Anexos