Dióxido de carbono na Furna do Enxofre volta a atingir valores perigosos para a saúde pública
O Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos da Universidade dos Açores alertou o Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros dos Açores para o facto dos valores de dióxido de carbono no ar atmosférico da Furna do Enxofre, ilha Graciosa, estarem muito acima do admissível em termos de saúde pública.
A Furna do Enxofre é uma imponente gruta lávica sendo um dos principais locais de atracção turística da ilha Graciosa, bem como dos Açores, face à sua singularidade. Contudo é nesta estrutura vulcânica que se localiza a principal zona de desgaseificação existente na ilha Graciosa a qual é facilmente identificada pela presença de uma fumarola, processando-se a libertação de gases por uma área bastante mais vasta.
O dióxido de carbono (CO2) é um dos principais constituintes dos gases vulcânicos neste tipo de emissões. Apesar de normalmente não representar perigo para a vida, por ser rapidamente diluído para baixas concentrações na atmosfera, no caso vertente, as características morfológicas da gruta e as condições meteorológicas características deste período do ano favorecem acumulação deste gás que, em determinadas zonas, atinge níveis de concentração letais para pessoas e animais. Por esta razão a Furna do enxofre dispõe de um sistema de monitorização que contempla, entre outros, sensores que medem continuamente a concentração do CO2 no ar atmosférico.
O dióxido de carbono é um gás cuja presença não é facilmente perceptível no ar. Trata-se de um gás incolor e inodoro que actua, regra geral, como um simples asfixiante e os seus sintomas só se fazem sentir quando são atingidas concentrações tais que ocupe o lugar do oxigénio. Os sintomas relacionados com uma sobreexposição confundem-se facilmente com os da fadiga e consistem essencialmente em aceleração da respiração, aumento do ritmo cardíaco, dores de cabeça, suores, tonturas, fraqueza muscular, depressão mental, sonolência e ruídos nos ouvidos. Concentrações de CO2 superiores a 10% podem produzir inconsciência em poucos minutos. A partir de 25% podem ocorrer convulsões e morte.
Para se evitarem riscos durante o presente período, o Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos sublinha a necessidade de se respeitarem as indicações resultantes do sistema de monitorização existente na Furna do Enxofre, desaconselhando a descida à gruta sempre que o dispositivo de alerta se encontre accionado.