O estudo publicado recentemente na conceituada revista científica internacional “Journal of Geochemical Exploration” divulga os valores finais da emissão de fluxo de CO₂ em 45 lagos vulcânicos localizados nas várias ilhas do arquipélago dos Açores.

Depois de vários anos de estudo, entre mais de 16 000 análises efetuadas, foi possível agora obter os valores de referência para mais de metade dos lagos inventariados nos Açores e, mais importante, foi possível identificar a origem do CO₂ (biogénica ou vulcânica) em cada sistema lacustre.

Perante o trabalho desenvolvido, verificou-se que na maioria dos casos o CO₂ provêm de origem biogénica, e em outros casos a origem é de profundidade (vulcânica). Desta forma, são emitidas aproximadamente ~171x10³ t/ano de CO₂, das quais ~42x10³ t/ano CO₂ são de origem vulcânica, dados suportados por análises isotópicas de Carbono em profundidade.

Ainda foi possível concluir que estas emissões são mais elevadas no inverno nos lagos mais profundos e em alguns casos no verão nos lagos menos profundos, estando na base destes resultados o processo de estratificação de origem térmica e o processo de eutrofização inerentes a essas massas de água.

Assim, César Andrade e os restantes investigadores do IVAR, chegaram a conclusões e valores surpreendentes em alguns lagos, sendo estes, já posicionados no topo do inventário dos lagos do mundo com emissões mais elevadas de dióxido de carbono para a atmosfera.

Considerando que o arquipélago dos Açores está localizado numa zona sismicamente ativa, este estudo releva-se de enorme importância para a monitorização sismovulcânica, pois eventuais alterações nos valores agora conhecidos podem sugerir alterações e manifestações do sistema em profundidade e assim ser mais um mecanismo de alerta de eventuais perigos naturais.