IVAR participa em projeto europeu que pretende desenvolver tecnologias para armazenar calor no subsolo
O projeto HEATSTORE (High Temperature Underground Thermal Energy Storage – Armazenamento de Energia Térmica no Subsolo) foi recentemente aprovado pela rede Europeia GEOTHERMICA – ERA NET e pretende constituir um impulso para a transição energética e para a diminuição da pegada do carbono ao desenvolver ferramentas e tecnologias para o armazenamento de calor no subsolo.
Metade dos consumos energéticos nos países Europeus relacionam-se com a climatização de espaços (arrefecimento ou aquecimento), sendo que apenas 15% desta energia é fornecida por fontes renováveis, como a energia solar e a geotérmica. A necessidade de aquecimento dos espaços é sazonal criando-se desequilíbrios na oferta-procura. É nesta sequência que surgem as tecnologias de armazenamento térmico no subsolo que podem solucionar a sazonalidade das necessidades energéticas ao combinar de forma inteligente as energias renováveis, o armazenamento de calor e as tecnologias de disponibilização do produto. O objetivo do projeto é, de uma forma muito concreta, melhorar a tecnologia que permite armazenar, em larga escala, o calor no subsolo durante o verão para manter o aquecimento no inverno, numa perspetiva de sustentabilidade e redução de custos. O calor poderá ser armazenado em aquíferos, furos ou caves/minas abandonadas e o projeto conta com seis estudos piloto a desenvolver na Holanda, França, Suíça, Alemanha e Bélgica e vão incluir todo o processo desde o armazenamento de energia até à sua disponibilização no mercado.
Os Açores e a Islândia vão ser utilizados como casos de estudo especial em zonas onde a energia geotérmica já é uma realidade e onde poderão ser testados os modelos teóricos desenvolvidos para compreender os fluxos de energia no subsolo. Os estudos desenvolvidos especificamente nos Açores vão incluir o desenvolvimento de modelos do funcionamento do sistema geotérmico que alimenta as fumarolas das Caldeiras da Ribeira Grande, onde as temperaturas superficiais rondam os 100ºC, mas em profundidade podem atingir temperaturas superiores a 250 ºC. Os investigadores do IVAR vão estudar os fluxos de energia com base nos conhecimentos indiretos a partir do registo geológico e da composição dos fluidos à superfície.
O projeto, liderado por uma instituição científica Holandesa (TNO – inovação para a vida), terá uma duração de três anos e está orçamentado em 16 milhões de euros e conta com 23 parceiros de nove países. Portugal está representado pela Universidade dos Açores, através do IVAR – Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos. O financiamento de 100 mil euros foi atribuído à Universidade dos Açores através do Fundo Regional da Ciência e Tecnologia para o desenvolvimento das atividades de investigação ao nível local. O HEATSTORE foi um dos nove projetos aprovados na presente fase de financiamentos da rede GEOTHERMICA – ERA NET e o único com a presença de instituições portuguesas.
A participação do IVAR neste projeto conta com a colaboração da empresa EDA Renováveis S.A. que será um dos utilizadores finais dos eventuais produtos que venham a ser desenvolvidos.