Apesar de estar a perder intensidade, o furacão Irma continua a devastar a costa oeste da Florida, no sudeste dos Estados Unidos da América (E.U.A.), numa altura em que a tempestade, agora classificada como furacão de categoria 1, continua a avançar para a cidade de Tampa.
Mais de 3,4 milhões de casas estão sem eletricidade no estado da Florida e várias partes da cidade de Miami ficaram completamente submersas à passagem da tempestade no domingo. O último balanço oficial de vítimas dá conta de três mortes relacionadas com a tempestade no estado da Florida, a juntar às 28 que foram registadas nos vários territórios a sul, nas Caraíbas. Pelas 2h da manhã desta segunda-feira, o Centro Nacional de Furacões (NHC) avisou que as condições do furacão vão continuar a fazer-se sentir em várias partes do centro da península.
Com a tempestade a dirigir-se para norte, com ventos de até 160 km/h, cerca de 6,3 milhões de residentes da Florida já foram aconselhados a abandonar as suas casas, isto depois de o presidente norte-americano ter aprovado ajuda federal de emergência ao estado.
Pelas 4h da manhã desta segunda-feira (UTC), o centro do furacão estava situado a cerca de 20 km de distância de Lakeland, próxima da baía de Tampa, onde vivem cerca de três milhões de pessoas. Movimentava-se em direção a noroeste a 24 km/h, com ventos máximos sustentados de 135 km/h. O NHC diz que o Irma está a perder força e que, ao longo do dia, deverá transformar-se numa tempestade tropical a norte da Florida ou a sul da Georgia. Informam ainda que o centro do Irma vai continuar a atravessar o oeste da península da Florida esta segunda-feira de manhã, movendo-se depois para o sudeste dos E.U.A. no final de segunda e na terça-feira.
As estimativas dos prejuízos provocados pelo Irma nos E.U.A. devem aumentar para cerca de 100 mil milhões de dólares, tornando-o num dos furacões com os maiores custos de sempre, afirmou o fundador e CEO do Accuweather, Joel N. Myers, indicando que tal corresponde a meio ponto percentual da economia norte-americana. Avança ainda que se estima que o furacão Harvey seja a catástrofe meteorológica mais cara da história dos E.U.A., com um valor na ordem dos 190 mil milhões de dólares, ou seja, o equivalente a um ponto percentual do Produto Interno Bruto dos E.U.A.. Assim, os prejuízos resultantes dos dois furacões vão equivaler a 1,5 pontos percentuais do PIB, o que vai anular o crescimento económico previsto entre meados de agosto e o fim do ano, de acordo com o mesmo responsável.
Antes de chegar à Florida, o Irma passou por Cuba e por outros países e territórios do Atlântico, a sul dos E.U.A., provocando grande devastação com os seus ventos fortes e chuvas torrenciais. Em Cuba, as autoridades falam em danos significativos, garantindo contudo que não houve vítimas mas informando que toda a capital, Havana, ficou sem eletricidade. Em São Martinho, uma ilha partilhada entre França e a Holanda, os estragos foram piores, com seis em cada dez casas a ficarem completamente destruídas à passagem do Irma e as autoridades locais a dizerem que grande parte da ilha está agora inabitável. No território francês, nove pessoas morreram e outras sete continuam desaparecidas; na parte holandesa já foram confirmadas quatro mortes. Nas ilhas Turcas e Caicos, um território ultramarino do Reino Unido nas Caraíbas, há suspeitas de estragos avassaladores, embora ainda não se conheça a dimensão do desastre. Em Barbuda, uma pessoa morreu e 95% dos edifícios ficaram danificados, tornando a ilha inabitável. Segundo o primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, Gaston Browne, os custos da reconstrução vão ascender aos 100 milhões de dólares (cerca de 83 milhões de euros). Em Anguilla, outro território britânico ultramarino do Caribe, as autoridades confirmaram um morto e ainda estão a avaliar a extensão dos danos que foram significativos. Em Porto Rico, um território dos E.U.A., mais de 600 mil residentes tiveram de abandonar as suas casas e mudar-se para abrigos temporários, com três mortos confirmados e falhas de eletricidade em quase toda a ilha, a juntar a cinco mortos e estragos abrangentes nas Ilhas Virgens Britânicas e a quatro mortos e grandes danos em infraestruturas nas Ilhas Virgens dos E.U.A.. O Haiti e a República Dominicana também foram assolados pelo furacão, embora os estragos tenham sido menores aos inicialmente previstos.