No dia 17 de abril assinala-se o 255º aniversário da erupção vulcânica de 1761 que ocorreu na ilha Terceira, a única erupção subaérea desde o povoamento da ilha. Num artigo recentemente publicado na revista Bulletin of Volcanology, investigadores do Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos da Universidade dos Açores (CVARG) reconstruiram as diferentes fases desta erupção que atingiu a freguesia Biscoitos. Neste estudo multidisciplinar, desenvolvido em colaboração com investigadores de instituições internacionais, foram adotadas diferentes abordagens metodológicas, desde paleomagnetismo, petrologia, análise estrutural e vulcanologia.
De acordo com Adriano Pimentel, investigador do CVARG, a erupção foi precedida em cerca de um ano pela diminuição da atividade fumarólica nas Furnas do Enxofre e por uma intensa atividade sísmica que começou a ser sentida pela população 5 meses antes da erupção. No dia 17 de abril de 1761 a erupção começou no flanco do Vulcão de Santa Bárbara com a instalação de um alinhamento de domos lávicos de natureza traquítica s.l. (os Mistérios Negros). Quatro dias mais tarde, a 21 de abril, um segundo foco eruptivo teve início na parte central da zona fissural dando origem a uma erupção do tipo Havaiano/Estromboliano, com a formação de cones de escórias e uma extensa escoada lávica de natureza basáltica s.l. que destruiu cerca de 27 casas nos Biscoitos.
O estudo agora publicado concluiu que a erupção dos domos dos Mistérios Negros no Vulcão de Santa Bárbara foi induzida pela alteração do campo de tensões provocada pela ascensão de um filão de magma basáltico s.l. na zona fissural, sem que houvesse contacto entre os dois magmas.