Novo estudo aponta o vulcanismo como responsável pela extinção dos dinossauros
Segundo um estudo dirigido pelo francês Eric Font, geólogo do Instituto Dom Luiz na Universidade de Lisboa, a extinção dos dinossauros pode ter sido causada por um supervulcão, localizado no planalto do Decão (Índia).
Sendo o vulcanismo em larga escala uma das possíveis causas da extinção em massa na Terra, e embora esta relação continue duvidosa uma vez que não se consegue estabelecer uma relação direta entre os fenómenos de vulcanismo e as extinções, agora há uma nova teoria que sustenta esta hipótese.
As emissões de gases com efeito de estufa e aerossóis ácidos resultantes das lavas do Decão terão tido um grande impacto no clima e biosfera do final do Cretácico. No entanto, o mercúrio, e por ter um tempo de residência muito elevado na atmosfera e consequente dispersão por todo o globo, também terá contribuído significativamente para esta extinção em massa.
O geólogo francês e a restante equipa, detetaram altas concentrações de mercúrio em sedimentos marinhos, associados ao intervalo temporal que coincide com a extinção dos dinossauros e anteriores aos registos sedimentares de irídio, metal raro na crosta terrestre e abundante em meteoritos e asteroides. Segundo os cientistas do Instituto Dom Luiz, foi o mercúrio expelido por um gigantesco vulcão que envenenou 70 a 80 por cento dos seres vivos existentes há 66 milhões de anos. A fonte mais importante de mercúrio na Terra era proveniente das erupções magmáticas.
Nesse período, e segundo os cientistas, ocorreram as erupções vulcânicas mais intensas no planalto do Decão, vulcão com o dobro do tamanho da atual França e que esteve em atividade durante milhares de anos, resultante em 80% da “montanha” rochosa hoje visível.
A presença de concentrações anómalas de mercúrio foi detetada em rochas sedimentares na costa de Bidart em França, local de referência geológica para o estudo da transição do período Cretácico para o Terciário, o que contribui para a hipótese de que a erupção no planalto do Decão teve um impacto à escala global.
De futuro, a equipa de especialistas pretende avaliar a presença de mercúrio noutros locais do mundo com sedimentos da mesma época geológica, de modo a perceber quão global foi o impacto das erupções vulcânicas do planalto do Decão, e o desaparecimento de espécies.