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Destruição causada pelo sismo de magnitude 7.8 que afetou o Nepal no dia 25 de Abril de 2015 (Foto: Prakash Mathema/AFP/Getty Images)
10-08-2015 00:15
Nepal
Estudos sobre o sismo do Nepal revelam que um sismo maior pode estar iminente

Novos estudos sobre o sismo de magnitude 7.8 que devastou o Nepal no dia 25 de Abril, matando quase nove mil pessoas, revelam porque é que houve muitos edifícios pequenos e habitações que resistiram às vibrações impostas e indicam que aquele evento poderá não ter sido o sismo mais forte, considerado como o “Big One”.
 
Os resultados, publicados nas revistas Science Magazine e Nature Geoscience, podem ajudar cientistas e engenheiros a compreender melhor o risco sísmico e os danos estruturais potenciais em regiões montanhosas, bem como em zonas sísmicas semelhantes.
 
Segundo os cientistas, o grau de destruição e o número de vítimas resultantes do sismo de Abril, embora elevados, ficaram aquém dos esperados. Muitos dos edifícios mais pequenos, constituídos por tijolos e com fraco elemento ligante ou ferro, portanto mais vulneráveis, deveriam ter sido facilmente destruídos durante o sismo, o que de facto não aconteceu. Por outro lado, edifícios mais altos, tais como a torre histórica Dharahara (ou Bhimsen), colapsaram.
 
Com base em dados de monitorização da região provenientes de 15 estações geodésicas e de um acelerómetro instalado perto de Kathmandu, foi possível verificar a frequência de vibração do solo. Em geral, vibrações mais energéticas, com frequências altas e períodos curtos (e.g. 1 segundo), tendem a danificar edifícios mais baixos. No entanto, no sismo de 25 de Abril, a frequência de vibração foi muito baixa e de longo período, cerca de 5 segundos, daí os edifícios mais vulneráveis, mas mais pequenos, terem permanecido intactos. Por outro lado, as ondas com frequências mais baixas, e mais lentas, afetaram particularmente os edifícios mais altos que entraram em ressonância, isto é, a energia que atuou nas fundações desses edifícios situou-se numa gama de frequências coincidente com as frequências de vibração das estruturas. A natureza da vibração e, consequentemente, o seu efeito nas construções foi devido, em parte, às características litológicas da região, bem como à forma da bacia de Kathmandu.
 
Os estudos revelaram ainda que o sismo não terá libertado toda a energia sísmica acumulada na região. Durante mais de cinco séculos, a tensão acumulada na zona dos Himalaias tem vindo a aumentar, devido à colisão entre as placas litosféricas continentais Indiana e Eurasiática. No entanto, nas últimas décadas verificou-se que um segmento da zona de falha se encontra bloqueado por forças de atrito, aumentando assim a energia acumulada. Falhas geológicas que estão bloqueadas podem acumular deformação por longos períodos de tempo e gerar sismos potencialmente destruidores, assim que a resistência ao atrito é excedida. Os dados mostram que a falha geológica apenas sofreu rotura no segmento leste mais curto da falha, permanecendo o segmento oeste mais longo, que se estende por mais 800 quilómetros desde Kathmandu até noroeste de Nova Deli, bloqueado. Os cientistas acreditam que parte da energia libertada durante o sismo de 2015 pode ter sido transferida para o segmento bloqueado, podendo estar eminente a ocorrência de um sismo mais energético, o “Big One”. Alertam para a necessidade de tomar particular atenção ao mesmo, dado que desde 1505 que não gera sismos de magnitude elevada. Pensa-se que foi naquele ano que ocorreu um sismo de magnitude 8.5, portanto, significativamente maior que o de Abril de 2015.


Fontes


Time
Los Angeles Times

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